A Tempestade Perfeita: Australia Colapse

Escrevi um posto no blog  The News Rider sobre o provável crash no mercado imobiliário na Austrália.

Desde então venho acompanhando mais de perto o quão eminente este risco esta de acontecer.

A razão pela qual a Austrália tem este risco está no fato dos preços das casas terem aumentado excessivamente nos últimos anos. Bem acima da media histórica.

Na minha opinião o que causou isto foram vários fatores sendo os principais.

–          Baixa taxa de desemprego

–          Constante crescimento econômico sem recessão por mais de 14 anos

–          Baixa taxa de juros relativo a media histórica

–          Forte aumento populacional, principalmente causado por imigração liquida positiva

O resultado do preço das casas podem ser observado no seguinte gráfico.

Veja que desde 2002 pouco antes do Mining boom que começou forte em 2003 o preço das casas quase triplicaram em algumas capitais. Em media os preços dobraram em valor.

O que as vezes me revolta e isto e pra cala a boca de quem argumenta que a UNICA razão do aumento do preço das casas foi Supply and Demand e que tem MUITA demanda por casa e os preços NUNCA vão cair… Neste momento que eu fico mais bear do que nunca.

Veja a causa neste gráfico o crescimento do total do estoque de hipoteca na Austrália no mesmo período. (eixo esquerdo) e valor da hipoteca media (eixo direito)

A quantidade de estoque de hipoteca subiu de 300bi pra pouco mais de 1 trilhao no período. Ou seja apesar das casas terem subido cerca de 100% (dobrado) a quantidade de divida cresceu 230% (mais que triplicou). Ai você me pergunta o que empurrou a “demanda”. Fora a questão dos juros que são bem mais baixos o que permite maior alavancagem com o mesmo fluxo de caixa.

Continuando o raciocínio, o que começa a dar sinais que o castelo de cartas esta caindo é que parece que este movimento esta perdendo momento e a capacidade da família media Australiana e investidores a continuarem tomando emprestado esta desacelerando e ficando cada vez mais difícil.

Veja que o tamanho do empréstimo médio esta estagnado ali na cada dos 290mil desde 2009.

Mas antes de prosseguir quero mostrar o gráfico que mais vale a considerar neste cenário.

Que e a capacidade de empréstimo e como  a tradução fica difícil de ser precisa  eu chamo de affordability (capacidade de bancar).

No eixo esquerdo esta a % da renda media indo para pagamento de juros de hipoteca e eixo direito o preço médio das casas. Veja que o preço pago em juros pode cair mesmo com o preço das casas subindo. Isto porque na Australia a esmagadora maioria dos empréstimos são em juros variáveis. Caso o governo corte os juros em caso de crise o pagamento mensal fica mais em conta. O que foi o que ocorreu em 2008, mas desde 2009 o governo vem aumentando os juros apertando o cinto da galera.

O mais impressionante na Australia é que depois do colapso da crise de 2008 os preços aqui CONTINUARAM a subir. Isso pra mim é jogar mais gasolina em uma pilha de palha só esperando a faisca explodir.

Em 2008 veja que o banco central australiano deu uma apertado no juros e isto levou a proporção de juros sobre a renda media ao MAXIMO de quase 40%. Veja que de certa forma isto refletiu no preço das casas que deu uma caida neste período.

Em 2009 quando os juros bateram a mínima de 3% esta proporção despencou para menos de 25%. Isto na época encorajou que mais pessoas se endividassem e entrasse no mercado imobiliário. Só nos últimos 3 anos o estoque de divida subiu de 800bi a mais de 1 trilhao.

E pra complicar as coisas os bancos estão também apertando os cintos mais ainda, pois desde a crise de 2008, com o aumento do custo do funding dos bancos Australianos, eles aumentaram os spreads em relação a taxa básica de juros. Isto para compensar a dificuldade de levantar dinheiro barato no mercado internacional. Veja no gráfico abaixo.

Devido a este aperto de cinto a população Australia tem sido bem cautelosa ultimamente. O que me da um pouco de esperança de alguma forma. E isto inclusive ajuda na menor severidade de uma possível crise imobiliária.

Esta cautela foi muito bem colocada pelo presidente do Banco Central Australiano, Glen Stevens, no discurso que deu recentemente:  The Cautious Consumer

Resumão do discurso é que a população vem economizando mais dinheiro dinheiro e emprestando menos se comparado a media dos anos do Boom ou pre-crise. O que estão fazendo é tentar reparar os balanços patrimoniais pessoais devido a vertiginosa queda dos ativos nos últimos 3 anos.

Indo pra conclusão, pra mim, eh muito difícil dizer o que vai causar a quebra. Se causar… mas muito difícil de não ocorrer algum tipo de correção no mercado aqui. Nem que seja estagnação no mercado para voltar a linha de tendência media de longo prazo.

Podem ter  vários motivos que podem servir como gatilho, mas pra mim o principal é claramente uma desaceleração na  China que é o que vem puxando a economia Australiana. Principalmente nos últimos 2 anos com o estimulo absurdo que teve la.  Expliquei mais sobre isto no post: A China é uma bolha

O que colocou mais risco na situação é que apesar da desaceleração nos EUA e na EUROPA nos últimos 3 anos a China, pelo contrario,  continuou consumindo minérios como se não houvesse amanhã. Com isso a Austrália praticamente não sofreu com a crise a não ser um pequeno susto em 2008. E tecnicamente a Austrália nunca esteve em recessão, que é 2 trimestres com crescimento negativo de PIB.

Indo ao titulo do post “A tempestade perfeita” eu acredito que uma desaceleração na China causara o efeito domino na Economia Australiana. E todo este cenário possível causara esta tempestade perfeita.

Se a China desacelerar o desemprego vai aumentar rápido na Austrália, assim a capacidade de pagar divida de hipoteca vai despencar. Isto colocará muito pressão de venda no mercado fazendo com que os preços despenquem. Isso gerara um enorme crise bancaria aqui, pois a Australia é o pais onde a carteira de credito imobiliário é a maior do mundo proporcionalmente. O Commonwealth Bank tem 60% de sua carteira em credito imobiliário e uma crise seria desastrosa.

Mesmo os bancos Australianos serem considerados um dos mais seguros do mundo. Este anos os 4 maiores eram AAA e tiverem o rate rebaixado…. porque sera.

No momento estou pensando em formas de comprar seguros contra esta possível crise. Enquanto o seguro esta barato e em tempo.

Pode ser que isto nunca ocorra, mas como disse no post anterior… melhor prevenir do que não fazer nada e depois se matar por ter tido a oportunidade e mesmo assim não feito NADA.

Acho que algumas sugestões de proteção seria comprar PUTs (opcoes) out of money do indice de acoes, short o indice de materials (mineradoras), short os bancos e comprar PUTS e ficar uma parte em caixa

Tenho acompanhado noticias preocupantes da situaçao na China e a bolha que ocorre la.

Apenas como exemplo algumas matérias.

Que tal uma matéria da absurda destruição de capital que ocorre neste momento com as CIDADES FANTASMAS

Ou bancos Chineses com balanços suspeitos

e pra finalizar a situação da inflação saindo do controle e o Banco chinês com dificuldade de implementar politica monetária

Enquanto isso na Australia os preços das casas começando a escorregar e preocupar com mais este artigo no WSJ

Pra finalizar o post outra coisa de preocupar é a recente inversão da curva de juros na Australia que é um indicativo de recessão eminente…

Depois que a tempestade passar sera uma boa oportunidade de comprar ativos na Australia, pois aqui é uma terra muito sortuda e temos recursos que são muito valiosos no mundo como minérios (Ferro, Cobre, Uranio, Ouro,Carvao, Diamante… dentre outros). Apesar de uma possível, não certa, correção na China. Acho que a China/Asia caminha para dominar o mundo economicamente. E a Austrália esta MUITO bem posicionada geograficamente.

Aguarde um post com update de uma possível desaceleração na China e o OBVIO que ainda ninguém fala muito e quero falar mais sobre o tarde do SECULO que já foi dado a dica pelo Paul Tudor Jones.

A China é uma bolha?

“The world has built a production capacity that it cannot consume” Hugh Hendry – most profitable hedge fund manager in 2010 (July YTD by Bloomberg)

Se voce esta comprado até as tampas em Vale do Rio Doce (CVRD), comprou opções de compra da Vale, é um perma bull na China e também acha que o Eike Batista é um dos caras mais inteligentes do Brasil e tem um monte de OGX e outros Xs na carteira, melhor continuar lendo este post.

Agora se acha que estou falando absurdo e que o seguinte axioma ainda é valido.

Um pais pode crescer 10% ao ano ad eternum.

Então, melhor não ler, senão está perdendo o seu precioso tempo.

Eu já escrevi que existem rumores que a China é uma tremenda bolha no meu outro blog e de alguma forma os dois posts estão ligados.

Antes que continue escrevendo queria deixar uma coisa clara aqui. Eu acredito que a China tem grandes chances de se tornar o pais mais rico do mundo entre 2030-2050 e que tera uma mudança de eixo de poder para a Ásia. Isso se os EUA nao entrar em Guerra contra a China e bombardear e destruir a Ásia antes da perda quase inevitável de sua hegemonia devido a uma guerra que não vai derramar uma gota de sangue, pois é uma guerra puramente econômica.

Acho que a China ser uma potencia mundial é ponto pacífico na minha opinião com coloquei na minha visão macro.

Nao estou aqui tentando ser profeta ou fazer uma previsão, mas estou tentando raciocinar as tendências macros estruturais que o mundo esta passando. O exercício nao é bom no sentido de adivinhar o que vai acontecer, entretanto acho que é valido entender quais são os possíveis cenários e se eles se desdobrarem seja qual for ele, voce sabe o que deve fazer ao invés de ficar sentado olhando vendo suas economias irem pro espaco e o mundo sendo implodido.

Dito isto, que acredito que a China tem grandes chances de ser a super potencia mundial nos próximos 20-30 anos, existe um excesso atualmente na China e podemos chamar isto de bolha e o risco de uma correção ao longo do caminho é grande. Se quer lucrar com este possivel risco ou crise continue lendo.

Se você tiver paciência leia esta excelente apresentação de powepoint (China Japan Presentation v3 – By Vitaliy Katsenelson ) Vitaliy N. Katsenelson, CFA, que brilhantemente expõe o caso que concordo.  Basicamente o post é um resumo desta apresentação

Se esta com preguiça de ler o original, então leia o resumo em português.

Basicamente a historia é a seguinte.

A China cresceu cerca de 9-10% ao ano entre 1998-2008 devido a investimento pesado em seu parque industrial. Todos os “planetas”  estavam alinhados para que este crescimento ocorresse como.

–          Desvalorização do Yuam manipulada

–          Bolha de credito mundial que permitiu o consumo das bugigangas chinesas que a maioria estão nos lixões e nas garagens dos americanos e dos europeus.

O que aconteceu em 2008, estouro da bolha de credito mundial, que causou a maior crise desde a de 1929, o modelo Chines exportador ficou em cheque e não mais sustentável, pois era a bolha de crédito que estava permitindo a China produzir um monte de lixo e exportar para o mundo.

O Brazil, Australia e outros países produtores de commodities se beneficiaram muito com este boom.

Entretanto, quando veio a crise em 2008 impressionatmente, a China continuou crescendo 7-8% ao ano em 2009-2010. Isto porque o governo Chines, que é uma ditadura, ingetou 14% do Pib na economia pra continuar a bola de neve rolando. Foi o maior estimulo em termos percentuais do PIB.  Então, como os numeros do PIB oficiais são publicados por agencias oficiais do governo, todo mundo acredita que a China ainda continua crescendo em um ritmo frenético.

E todo mundo continua se enganando e a ação das mineradoras subindo ou pelo menos mantém se em níveis altos.

O que pode se observar, entretanto, é que a China tem a maior capacidade inutilizada do mundo.

Por exemplo a capacidade produtiva da China em:

Cimento é maior que o consumo Indiano, japonês e Americanos juntos.

Aço é maior que a combinação do Japão e da Coreia.

Não é só na capacidade produtiva mas na utilização de espaços de escritório.

50% dos imóveis comerciais estão vazios ou 30 billoes de pes quadrados (squared feed) vazio o que dá um cubículo de 5×5 pra cada Chines. Só recordando que eles são 1.3 Bilhoes.

Existem cidades fantasmas na China como Ordos.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=0h7V3Twb-Qk&feature=player_embedded]

Agora entende porque os caras continuam comprando ferro da Vale, mesmo sem precisar.

Assim como aconteceu com o Japão no final da década de 80 a China atualmente é o pais que mais destroi capital no mundo, ou seja a China tem gasto muita grana em projetos que não geram fluxo de caixa com um retorno acima do custo de capital. Pra você que não entende nada de finanças e economia em outras palavras a China esta investindo todo a grana do lucro gerado na sua exportação em projetos improdutivos.

Assim como o Japão fez no final década de 80 investindo em imóveis que tiveram preços absurdamente irreais. Pra se ter uma ideia é 60-70% mais barato comprar um apartamento em Tóquio hoje em 2010 do que era em 1989, há 21 anos atrás.

A melhor medida, na minha opinião, de avaliar preço de imóveis é a relação preço médio dos imóveis/renda media. Quando a coisa desandou no Japão este indicador estava em 9.5X, Nos Eua o negocio estourou quando estava em 5X e na China hoje esta em 14X em algumas cidades e a média é 8.8x.

Ainda acha que pode subir mais?

Nao sou so eu que acha isso.

O short seller mais famoso do mundo, Jim Chanos, também acha o mesmo e esta se posicionando pra quando esta possivel bolha chinesa estourar.

Assista sua ultima entrevista aqui

O resumo da opera é o seguinte.

Caso a coisa desande na China você sabe o que tem que fazer: NÃO SEGURA as ações da Vale achando que ela vai recuperar. VENDE o mais rápido possível. Fica tranquilo que vai ter chance de re-comprar quando ela estiver valendo P/E baratinho.

O Brasil, Australia, Russia e Canada e qualquer outro pais exportador de commoditie serão os mais afetados por este possivel estouro de bolha.

Eu acredito que a única saída para a China é mudar o seu modelo econômico para o mercado interno.

Como dito na minha visão macro ela precisa se voltar para o mercado interno, deixar seu cambio flutuar e deixar se valorizar para que o poder de compra Chines aumente. O problema é que não pode fazer isto de noite para o dia.

Os dois mercados consumidores do mundo hoje são os EUA e a Uniao Europeira.

O PIB dos EUA é 15Trilhoes e o consumo corresponde a 10 Trilhoes

O PIB dos Europa é 15Trilhoes e o consumo corresponde a 10 Trilhoes

Somados eles consomem 20 Trilhoes.

A economia Chinesa é hoje de 5 Trilhoes mas o consume é apenas 2 Trilhoes.

Isso da 10% do consumo dos EUA e da Europa. Então, não da pra ter uma transferência do consumo destes países pra China da noite pro dia. Por isso, a China não pode parar de crescer é como o Onibus do filme Speed (Sandra Bullock e Keanu Reeves) se desacelerar explode. No caso da China implode.

Tem que ser gradual e pode levar de 10 a 20 anos pra isto acontecer. Acho que este será o caminho natural das coisas, mas acho que ate lá teremos lombadas no caminho e uma delas é essa grande correção. Embora ache que mais no longo prazo a China será a super potencia mundial.

Posso estar completamente errado e nada disto ocorrer e outras coisas ocorrerem como um meteoro atingir a terra e todos morrerem afogados, sei la!

Entretanto, esteja atento para o que pode acontecer e não fique com cara de sabão se o negocio desandar e  ficar fazendo preço médio em OGX e VALE.

Qual a minha visão macro.

Seguindo aqui o que disse no último post aqui vai as minhas crenças sobre o Big Picture ou minha visão macro.

Em Novembro de 2010 (pois isso pode mudar com o tempo). Vou manter atualizado aqui no blog.

Então vão os pontos que estão na minha cabeça.

A) Os mercados de ações nos EUA estão em um ciclo de baixa de longo prazo (secular bear market) medido em termos de P/E. Acredito que dure por um tempo. Tudo começou em 2000 com o crash dot com e vai até o inicio do proximo Bull market de longo prazo em mais ou menos 2015 ou 2010 ou mais tarde.
B) A maior economia, atualmente os EUA, está em sérios apuros e eles são:

a.Uma enorme dívida e um enorme  passivo não financiado  de longo prazo (Medicare e da Segurança Social)
b. O desemprego estrutural que não pode ser sanado no curto prazo, porque os empregos criados na década de 2000 através do aumento da dívida pública e privada já se foram e não podem voltar da noite pro dia além de ter ocorrido uma transferência de 8 a 15 milhoes postos de trabalho industrial para a Ásia (China) e outros emergentes nos últimos 20 anos

C) A China foi a economia que mais se beneficiou com o crescimento alimentado pelo crédito, que não é um problema isolado nos EUA, mas global. No entanto, seu modelo de fabricação de exportação impulsionado pelo credito mundial não é sustentável porque está baseado em dois principais fatores.
a. Dívida em todo o mundo, que atingiu o pico em 2007-2008 não pode mais ser expandida e está em contração no momento (caso de deflação no ponto F.)
b. A moeda chinesa esta desvalorizada por meio de manipulação atrelado ao dólar dos EUA.
D) A China, devido ao seu superávit comercial consistente ao longo dos últimos 15 anos, acumulou 2,4 trilhões em reservas de ativos. O que tem ajudado é o ponto C.b manipulação de sua moeda que está acontecendo durante os últimos 16 anos (desde janeiro 1994), mantendo desvalorizada para tornar os produtos chineses relativamente mais baratos no mundo, fazendo a economia chinesa mais competitiva, alem do fator de sua mao de obra ser muito barata. As estimativas da paridade do poder de compra diz que é desvalorizada em torno de 60%. Também ao longo dos anos, a China comprou 1,4 trilhões em ativos denominados em dólares em títulos do tesouro e que de alguma forma manteve o maior mercado consumidor do mundo (EUA) rodando em uma farra de crédito insustentável.
E) O crash do mercado de 2008 idicou o auge da bolha de crédito, o que significa que haverá, já esta tendo, uma contração do crédito, ao invés de expansão ao redor do globo. Por causa deste risco, de deflação, existe uma postura atual do Chainman do FED dos EUA (Ben Bernanke), que é combater a deflação a qualquer custo. Bernanke acredita que há uma capacidade quase ilimitada de emissão de dívida a um custo muito baixo em dólar.Ele está sendo bem sucedido ate aqui. Suas medidas para evitar uma depressão ainda não causou inflação. Sua ferramenta ou tatica foi baixar as taxas de fed funds para ZERO, desincentivando poupança e incentivando investimento, combinado com isto ele embarcou na estratégia de quantitative easing para comprar dívida publica e injetar dinheiro na economia. O QEI foi cerca de 2 trilhões e agora 600 bilhões foi o QEII anunciado a uma semana. As consequências vem sendo um fluxo de liquidez no mercado de ações causando rally na bolsa, rally metais preciosos, rally de commodities, rally de títulos , fluxo pra mercados emergentes ou seja, tudo está indo subindo e ainda assim a economia de os EUA estão em péssimo estado e da economia mundial está se arrastando.
F) O ponto E leva à dicotomia do debate Inflação versus Deflação. O que leva à deflação, ja comentados nos pontos acima em termos simples, é a contracção de dívida, que atingiu níveis insustentáveis em 2008. Eu creio que é o caso mais forte e que eu defendo (leia posts anteriores). Por outro lado, devido à postura do Fed (ponto E), existe um risco de inflação monetária que irá sustentar inflação de demanda devido ao aumento dos preços das commodities em geral. Os preços do ouro atualmente é o reflexo desse cenário de um possível risco inflacionário. Também isto está ajudando no aumento no preço das commodities que são denominadas em USD que é a reserva de moeda mundial. Assim como o QE o dólar americano também fica mais fraco.

G) A Austrália (onde moro e todos meus ativos estão aqui) e outros países que têm reservas minerais e commodities produtores de qualquer tipo têm sido os grandes beneficiários do aumento da demanda por commodities (dã). Existem muitos benefícios para a economia da Austrália como ter tido em média 3,5% de crescimento nos últimos 15 anos e hoje tem uma das maiores rendas per capta do mundo, maior do que EUA, Canadá e Reino Unido. No entanto o modelo exportador australiano de mercadorias só é sustentável se a China mantém o seu ritmo, mas como eu mencionei acima o seu modelo não é sustentável no longo prazo, pelo menos a esta ritmo alucinado. No médio prazo vejo riscos e alguns obstáculos e crises devido a um risco enorme de desaceleração na China. Entretanto, a Austrália continuará a se beneficiar, desde que disponha de recursos debaixo da terra porque a demanda por recursos continuará no futuro (pontos I e J).
H) Atualmente a Austrália, devido a fatores como uma baixa taxa de desemprego e uma baixa taxa de juros, juntamente com o crescimento econômico nos últimos 15 anos, ela tem o mercado imobiliário mais caro do mundo medidos em relação entre o preco medio dos imoveis e a renda média. Esta em uma alarmante taxa de 7x. Também a sua moeda esta muito valorizado causada por muitas coisas como, aumento do preço do ouro, a alta diferenca de sua taxa de juros em relacao aos outros paises desenvolvidos (hoje o mais rentável carry trade AUD / USD). Então, se a China espirra Austrália vai pegar uma pneumonia e como o mercado esta inflado e altamente alavancado, em outras palavras endividado, ela corre o risco de uma crise homérica caso a China balançar.
I) Tentando agora colocar tudo junto, se isso é possível, porque a relação entre as coisas não são lineares. O modelo industrial exportador da China com crescimento de 9% ao ano da China não é sustentável, por causa dos pontos C.a. e C.b. e uma das soluções para sustentar o seu crescimento é se concentrar em seu mercado interno e não pode mais contar com um modelo de exportação industrial. Mas não pode fazê-lo rapidamente. Para conseguir tal feito a China necessidade precisa desvalorizar sua moeda ou deixá-lo flutuar, assim ela encontrará o seu equilíbrio. Isso permitirá o aumento do poder aquisitivo da população e a China pode reduzir o custo das importações e sua indústria pode se concentrar na demanda do mercado interno enorme que dá ainda mais prosperidade para a China que será, inevitavelmente, maior economia do mundo mais cedo do que a maioria pode pensar

J)E Finalmente, por último, mas não o menos importante. A sustentabilidade do meio ambiente do mundo está sob ameaça. Estamos assistindo ultimamente o preco dos commodities subindo rapidamente, devido ao aumento na demanda e que está causando ao mesmo tempo oportunidade de ganhar dinheiro neste mercado, bem como uma crise de recursos que vai ficar aqui por um tempo a menos que seja tratada com uma boa solução.

Resumindo o mundo esta esgotando seus recursos e as principal área de oportunidades e soluções são.

a. Petróleo / Energia. Estamos ficando sem petróleo, mas o grande problema é que já estamos viciados pelo “crack preto” e não podemos viver sem ele a menos que o mundo inteiro industrial mude drasticamente. A solução é criar um novo modelo  industrial, que é menos dependente ou totalmente independente do petróleo como um todo. Hoje o petróleo um a principal fonte de energia e matéria-prima de tudo o que consumimos (e.g. plástico). A boa notícia é que existem alternativas e os aumentos dos preços do petróleo só esta acelerando o processo de mudança.

b.Comida. O crescimento populacional e o aumento do padrão de vida nos países da Ásia e mercados emergentes é sempre crescente e tende a acelerar. Assim, a demanda por commodities agrícolas vai beneficiar quem tem terras agricultáveis. Assim que acho que países como Brasil, Rússia e EUA em boa posição neste cenário. Quem sabe finalmente Brasil, o celeiro do mundo.
c. Neste mesmo tópico a emergência de empresas inovadoras na área que eu chamo de tecnologia verde e eficiência será algo para assistir de perto.

Enfim esta são minhas crenças do Big Picture ou minha visão macro e neste cenário que vou procurar oportunidades de ganhar dinheiro em trade/investimento. Espero dar um zoom em áreas específicas quando achar oportuno, ou quando algo no cenário acontecer ou mudar.

Visão Macro do Paul Tudor Jones

Ontem tinha preparado um post que iria falar sobre o que considero ser um trade system, ou sistema de trade na minha opinião, mas me deparei com uma carta do Paul Tudor Jones emitida recentemente para seus clientes que resolvi postá-la aqui.

Jones é um dos meus traders herois e gosto muito do seu estilo e forma de pensar estrategicamente.

O que lí foi musica para meus ouvidos. Meio que dispensa comentários. Eu nunca vi um cara com poder de sintetizar um assunto tão complexo e como ele estrategicamente identifica oportunidades no cenário.

Concordo com ele 100% e meio que o que ele disse é pra mim um framework do que devo acompanhar para identificar oportunidades de trade no desenrolar da situação. Já comentei alguns aspectos do que ele disse na carta na sessão do blog THE BIG PICTURE.

Basicamente toda a atenção no blood shed que o mercado de FOREX pode virar a qualquer momento e as melhores oportunidades ou o Trade do Seculo será com o Renminbi (ou YUAN)  em como que vai desenrolar a questão da sua atual sob valorização. Também qual será a postura dos EUA em relação a essa guerra cambial dentro do contexto que se encontra, endividado, com deficit comercial, com desemprego pior nos últimos 75 anos e um grave problema estrutural em sua economia, enfim a situação dos EUA não é nada boa pelo menos no médio prazo (2 a 5 anos).

Jones até cita o Brasil no artigo.

Enfim divirta-se com a leitura e poste seus comentários.

Vou colar aqui o texto na integra como citação

O texto foi retirado do site Zero Hedge.

From Paul Tudor Jones

Our extraordinary times offer extraordinary opportunities, but as with most opportunities, there will be winners and losers.

Economies in the developed world find themselves with unemployment levels not seen since the Great Depression. The response from respective governments has been massive fiscal stimulus in conjunction with monetary easing. And now many of these governments, having exhausted all fiscal stimulus measures that are politically feasible, are about to embark on another round of quantitative easing. The Bank of England, the Bank of Japan and the US Federal Reserve have implemented, or are considering implementing, significant rounds of government securities purchases.

Will these measures actually succeed in lowering the chronically high levels of unemployment? Or are the unemployment problems of these countries so structural in nature that these policies will have only limited impact?

We’ve enlisted modeling and forecasting firm Macroeconomic Advisers, LLC to assist with answers to these questions.

But, first, a story: About ten years ago I had an acute case of plantar fasciitis in the left foot, a condition in which the fascia, or the covering right beneath the skin, had become highly inflamed. I asked Pete Egoscue (egoscue.com), a renowned postural specialist but one without medical training, to take a look at my foot. Pete had, after all, healed a number of people I knew, including my wife. Because Pete was self-taught, I was a skeptic— as any good trader would be.

Pete said that he did not need to look at my foot because my foot was not the problem— a response that suggested I was dealing with a quack. But I was patient and continued to listen. He proceeded to explain that the pain in my left foot was the consequence of a structural, postural deficiency in my hip alignment. My right hip was rotated in such a fashion as to make the left side of my body do all the work and bear all the weight, culminating in the inflammation of my left foot. “The pain you feel in your left foot is just the symptom,” Pete said. “If you treat it symptomatically and ignore the structural issue, you will never solve the problem.” I did not immediately grasp the full meaning of his words, but I followed his prescription,and in a few days the pain was gone. Some time later I realized that those words were probably the wisest I have ever heard from any human being, and that they apply to more than just the human body.

The developed world, and the United States in particular, is suffering an economic malaise the likes of which we’ve seen  only rarely in the last 100 years. Policy makers are searching for solutions, but they are too focused on the painful symptoms of unemployment to see the misshapen structure causing it. In so doing, they are presenting some of the more wonderful trading opportunities in quite some time: winners and losers.

The root cause of the unemployment woes is quite obvious. In the United States alone, in the last two decades, nearly six million jobs in manufacturing have been lost overseas. This equates to nearly four percentage points of the current 9.7% US unemployment rate. As importantly, the migration of these jobs contributed to the most unsustainable economic imbalance in the world today—China’s persistent bilateral trade surplus with the United States. During the last decade, China accumulated almost $1.4 trillion of US debt and at least $2.3 trillion in global assets. These figures could grow to $3.8 trillion and $7 trillion, respectively, over the next decade if the current renminbi/US dollar (RMB/USD) exchange rate continues to be artificially suppressed from appreciating.

One entity owning this much debt of one debtor, let alone a foreign government, creates too much risk concentration, and has possibly repressed volatility for debtor and creditor alike. The risk may seem manageable now, but who knows what the nature and temperament of the Chinese and American leaders will be in ten years? Isn’t it possible that either side could weaponize financial imbalances to the detriment of domestic and global stability?

How did we get here? On January 1, 1994, China devalued its currency by 50% in a single day, and since then has experienced a manufacturing boom. After 15 years of impressive productivity gains relative to its trading partners, though, it now resists the smallest appreciation. (The IMF implies the RMB could be as much as 30% undervalued taking 2000 as a base, but absolute purchasing power parity would argue that undervaluation is even greater— possibly as much as 60%.) Clearly, there is a direct correlation between the six million manufacturing jobs lost in the US and the close to twelve million manufacturing jobs gained in China over the last two decades. Robert E. Scott, a Senior International Economist and Director of International Programs at the Economic Policy Institute, estimates that the growing trade deficit with China, a partial consequence of the undervalued RMB, cost the US 2.4 million jobs between 2001 and 2008 alone, the equivalent of 1.6% of the current unemployment rate.

As someone who has traded foreign exchange since 1980, I believe the RMB/USD rate is currently the single most important of all exchange rates. It not only drives the largest foreign trade relationship in the world, it also drives virtually every other exchange rate globally. Dozens of other emerging market countries suppress their exchange rate against the US dollar because the RMB is effectively pegged to the dollar. And what is remarkable is the lack of any concrete policy initiative in the US to change this. For several years, the US Treasury has threatened to name China as a currency manipulator but has always found a basis for avoidance. Even if Treasury cited China, it would just set in motion more negotiations that would likely go nowhere. The lone serious attempt to impose a cost on China’s distortion of global financial markets this year was congressional action on the Currency Reform for Fair Trade Act, known as the Ryan Bill, which would allow US companies to file complaints against China’s currency policies with the Commerce Department, and would empower the Department to levy tariffs and countervailing duties on imports from China.

The Ryan Bill passed in the House of Representatives a few weeks ago by a vote of 348 to 79 but is stalled in the Senate. It drew immediate ire from the Chamber of Commerce as well as from eight former US Trade Representatives to China. But it was the very advocacy of the Chamber of Commerce and those Trade Representatives that led us to our current trade deficit. As Einstein said, “Problems cannot be solved by the same level of thinking that created them.”

That so many Americans continue to accept this suppression of a variety of exchange rates against the dollar is probably a function of the fact that for so long this suppression provided benefits such as cheap goods and cheap credit. In addition, for a while, manufacturing jobs seemed to be replaced by jobs in the service economy and construction industry without any economic disruption or any rise in the unemployment rate. However, the bursting of the credit bubble exposed the true structural decay that had occurred in the US economy. But, like zombies, many Americans still cling to the naive belief that we can return to the good times of the 90s and the earlier part of this decade, unable or unwilling to recognize that those high times were a debt-driven anomaly.

This delusion is fueled by a myriad of financial pundits who warn about the dangers of disrupting free trade. They are quick to point out that the Ryan Bill is contrary to rules of the World Trade Organization. Incredibly, in the WTO’s rules of governance, there is not one reference in any of its documents to the underlying bilateral exchange rate between two countries when trying to reconcile trade differences. It is like trying to referee a World Cup match with a soccer ball that only the players can see. In the case of a controlled or manipulated exchange rate, it is patently unfair if the currency of one partner is grossly misaligned, as the RMB/USD rate is.

Any serious attempt to address the structural imbalance is met with a chorus of boos from financial industry pundits who rail against “protectionism.” In discussions involving the Ryan Bill, these pundits have few qualms with lobbing into the mix, like grenades, those most dangerous of words: “Trade War.” They often invoke the specter of Smoot-Hawley, the infamous US tariff act that triggered a trade war in which American exports and imports were slashed by half, leading a number of economists to argue that its passage contributed significantly to the Great Depression. But what they fail to see, or neglect to acknowledge, is that in modern times there never has been free trade with China; the US has already been in a trade war for nearly two decades; and it is the only time in this nation’s history it surrendered without ever firing a shot.

The United States lost six million jobs, indebted itself to China by $1.4 trillion, and received in return a host of consumer goods, many of which now reside in landfills across the country.

“Trade War” is a very dangerous phrase. Clearly, China and the US are commercial competitors and not enemies. There is no reason for “combat” in any sense of the term. The Chinese have set the RMB/USD peg artificially low because they believed it was necessary in order to shift from an agrarian to an industrial-based economy. The United States also  protected its nascent industrial sector when it did the same thing in the 19th century. Developing a significant export-oriented manufacturing base was part of an ambitious plan to relocate hundreds of millions of rural Chinese to cities where they could obtain manufacturing jobs and pursue a better life. It worked. China’s coasts now burst with export-dependent factories and cities. But now and going forward, China’s export strategy is completely unsustainable. In the intermediate term, much less the long term, it is becoming clear that the main buyer of China’s exports—the United States—can no longer foot the bill. A much better policy would be finding the right balance between domestic demand and exports through a stronger currency. Brazil did this brilliantly between 2005 and 2007. Their currency appreciated 34% against the dollar yet the economy grew 2% more than the prior three years and above what was thought previously to be the speed limit. The incoming Chinese administration of 2012 will be forced to contend with a population that has been relocated and retrained for jobs that may one day disappear, much as they did in the United States, all because China engaged in a futile attempt to avoid an inevitable re-equilibration of exchange rates. After all, one way or the other, the real US and Chinese exchange rate will find equilibrium– either through nominal movement or through relative inflation rates.

Just as the Chinese elite have become dangerously wed to an unsustainable export-driven manufacturing model, the US elite have become indifferent to mercantilist assaults on the global trade framework. In mid-September, when the Bank of Japan intervened to suppress the value of the yen against the dollar, there was no response from America’s political, financial and media leaders. While these interventions might have been understandable six years ago, when Japan’s economy was relatively less well off than that of the United States, they are far from necessary today: Japan has an unemployment rate that is half that of the United States and it still runs a trade surplus. Nonetheless, Japan intervened to protect its export industry, and the United States, incomprehensibly, responded with not even a whim

Debate Inflação/Deflação (Inflation/Deflation)

Talvez o topico de Inflação/Deflação é um grande assunto negligenciado pela midia main stream e pra mim hoje é a coisa mais importante a se monitorar se voce é um trader que se interessa com a visão do todo, como eu.

Ainda nao toquei aqui no blog sobre o que acho da influencia das noticias em trades. Lembro que ainda recem formado trabalhando na Hegding Griffo um amigo meu me disse um cliché: “A midia é uma meio de manipulacao das massas”. Nao poderia ser a mais pura verdade, alias eu acho que vou mais longe “a midia, principalmente a main stream, é um meio de anestesiar a massa”. Já há algum tempo eu leio jornal so pra me divertir aos sabados. Tipo dar umas risadas pra ter uma ideia do que a massa esta lendo e o que os reporters estao escrevendo.

Hoje confesso que desenvolvi a habilidade de separar o joio do trigo, isto é ainda tem alguns poucos lucidos que escrevem coisas que fazem sentido, mas a maioria é lixo, enfim isso é assunto para outro topico.

Televisao em casa fica desligada a nao ser para assistir um DVD, uma comedia. esportes ou um documentario. Noticia mesmo so on demand na internet e faco isto ha muito tempo.

Voltando o debate deflacao e inflacao acho crucial acompanhar como este debate vai se desenrolar e como isso pode influenciar o seu trade, seja ele bolsa, commodies, futuros ou Forex.

Acho interessante ler o post sobre definicao de dinheiro, inflacao e deflacao para entender melhor deste ponto em diante.

Basicamente na blogsfera existe um debate intenso e recomendo pesquisar os seguintes caras que acampanho.

Do argumento da inflacao:

  • Marc Faber: Editor do Gloom Boom and Doom report. Sempre está na midia e tem uma porrada de video dele no YouTube.
  • Peter Schiff: Dono da Euro Pacific Capital. Sua popularidade na midia é grande e tentou se candidatar ao senado nas próximas eleições (2010), mas perdeu a nominação. Basicamente Peter é o que chamamos de um gold bug. O cara acha que ouro vai estourar, mas acho que não seja um cara que tem um timing bom, e dizem que seus clientes perdem grana por não ser um bom trader, apesar de ter cantado bem a bola da crise de 2008. Acho que seu defeito, segundo Mish (veja abaixo), é que sua visão é muito centrada nos EUA.
  • Michael Pento: Economista da Delta Global Advisors sempre esta na CNBC comentado e recentemente foi praticamente expulso do ar pela musa Erin Burnett no ar. Prai da pra ver que o cara não tem papas na lingua.
  • Jim Grant: Um dos economista que mais entendem do mercado de Bond e taxa de juros. Seu site.

Agora do lado da deflação

  • Mish Schedlock: Apesar de não ter uma formação em economia é um dos caras que acho que mais entende da dinamica de economia mundial. Mish é um fenomeno e o seu blog é o mais lido de economia no mundo. O cara ter formação em TI e começou a blogar porque ficou desempregado e não conseguia se recolocar na área. Neste caso perder o emprego foi para o bem. Seu blog é o Global Economic Analysis.
  • Hugh Hendry: Hedge Fund Manager da Eclectica Asset Management. Atualmente rankeado o Hedge Fund mais rentavel do ano pela Bloomberg. Não perco uma aparição dele na midia pela sua irreverencia e sinceridade. Da pra dar umas boas risadas. O cara é um genio.
  • David Rosemberg: Economista chefe da Gluskin Sheff Associate. Sempre está na midia e é uma das principais assumidades em bonds e sempre fala sobre suas visões sobre onde o mercado de bonds esta indo. Segundo ele para niveis nunca imaginados antes.

Apresentado os protagonistas da discussão, vou tentar resumir as duas linhas de pensamento aqui.

Os que defendem inflação acham que havera no futuro proximo, e isso pode ser em 1 ou 5 anos, uma hyperinflacao na verdade, que será causada principalmente pela impressão de dinheiro nos EUA o que levara ao colapso no Mercado de bonds nos EUA e do USD.  O preco das commodities, que sao hoje denominados em dolares irao disparar em consequencia do colapso das verdinhas, principalmente ouro que segundo os inflacionistas é um hedge  contra a inflacao.

Os inflacionistas estao posicionados basicamente em dois trades. Estao comprados (long) em ouro e outros  metais preciosos (e.g. prata e platinum) e vendidos em US treasury. Eles acreditam que os EUA nao vao dar conta de servir os juros da divida e acha que a situacao de debito vai piorar com as obrigacoes futuras como seguro social, previdencia e seguro saude que o governo atual (Obama) e outros passados estao se compromentendo.

Um outro argumento defendido bem por Jim Grant é que o ciclo dos Bond Yields que estao em queda desde 1982 hoje estao nos niveis mais baixos da historia e quando eles atingem o fundo do poco eles comecarão a subir.

Nao é o escopo entrar em detalhe, mas uma forma de combater a inflacao é aumentar as taxas de juros, assim sua premissa esta em que os yields (juros) dos bonds vao aumentar em consequencia da pressao inflacionaria. Jim acredita que o mercado de Bond é uma enorme bolha.

Por outro lado, o argumento dos deflacionistas é o seguinte:

Não é tão simples como o oposto da visão inflacionária. O que dizem é que existe na economia ciclos de expansão e de contração de credito, sendo deflação a parte do ciclo de contração de crédito. Eles explicam que o que aconteceu de mais ou menos 1982 ate 2007 foi uma absurda expansão de credito na economia, como nunca visto antes, onde as pessoas, empresas e bancos ficaram absurdamente endividados basicamente no mundo todo e nao tem mais condicoes de tomar mais divida.

Neste periodo de expansao de crédito o valor dos ativos, como propriedades, commodities e patrimonio em geral aumentaram muito e foram basicamente inflados por esta criacao de divida e alavancagem. Assim se chegou em um ponto onde eles acreditam que o mundo gerou uma capacidade produtiva onde nao pode se consumir mais a nao ser com mais expansao de credito.  Entretanto, nao da mais para aumentar  mais a divida, pois ela esta nos limites do insuportavel.

A teoria deflacionista explica bem a crise que deu em 2007/2008, a pior desde a crise de 29, que pra mim ainda esta acontecendo. Quando a crise estourou as pessoas, instituicoes financeiras e empresa nao conseguiam mais carregar a divida que tinham. A divida durante decadas estava artificialmente aumentando o preco dos ativos. Assim, em 2008 o credito facil secou no sistema e o Mercado entrou em um colapso e todos tiveram que se livrar dos ativos para pagar as dividas e  “ todo mundo”, ou pelo menos a maioria, ficou debaixo d’agua, pois a divida ficou maior que os ativos, gerando patrimonio liquido negativo. Isto basicamente é o cenario deflacionario, causado principalmente pela contracao do credito.

O que tem acontecido nos ultimos 2 anos, desde que o  Lehman Brothers quebrou e a crise se acentuou é que apesar dos juros nos EUA estarem praticamente zero % e o FED (Banco Central Americano) tem impresso mais de 1 trilhao o credito continua ainda contraindo e nao ha sinais de inflacao.

Mas como podemos acompanhar qual cenario vai se desenrolar e quem esta ganhando o argumento no momento?

Eu acompanho basicamente 2 coisas

  • Preco dos Bonds
  • Preco do ouro e commdities em geral

Atualmente a coisa esta um pouco confusa porque o preco do ouro esta sugerindo inflacao, pois o preco tem subido fortemente nos ultimos 10 anos e mais acentuadamente nos ultimos 2 fazendo novos recorde de precos recentemente. Por outro lado, o preco dos bonds estao sugerindo deflacao, pois o preco dos titulos estao subindo e as pessoas estao bem aversas a risco com medo da bolsa, por exemplo.

No geral acho que deflação esta ganhando o debate. O que acontece atualmente nos EUA  é uma outra caracteristica de periodos deflacionarios. A confianca do consumidor fica baixa e as pessoas consomem menos, as empresas produzem  menos, existem cortes, o desemprego aumenta e os precos caem.

Qual a opiniao de Velaepavio?

Eu particularmente tendo mais a advogar a deflação, pelo menos no curto e medio prazo. Digo nos proximos 2 a 5 anos e dependendo da acao de varios protagonistas ao redor do mundo podemos voltar a um novo ciclo de crescimento la na frente (2015+) ou ter o caos da hyperinflacao que segundo Mish é tão improvavel que será basicamente o fim do mundo (the game end).

Eu acredito que no momento estamos em um secular Bear Market e a coisa ainda vai ficar feia nos proximos 2 a 5 anos ate termos um novo bull market. (assunto para outro post)

Finalizando, o que vai desenrolar depende dos principais protagonistas que são:

  • EUA
  • China
  • Europa ( principalmente os PIIGs Portugal, Espanha, Italia, Irlando e Grecia)
  • Outros Emergentes : Russia, Brasil e India, mas com pouco poder de decisao.

O principal problema de fazer previsoes é que nao se sabe o que se passa pela cabeca de Ben Bernanke, Obama, Hu Jintao, Jean Claude Trichet e membros da Uniao Europeia como Grecia. Tambem existem outros probleminhas pela frente como Iran, Climate Change e falta recursos em geral no futuro, como petroleo, fertilizantes e comida.

Acho que chega por este post…

Desenvolverei o assunto The Big Picture entrando em mais detalhe nos futuros posts. As ideias sao coisas como

–          Entenda a atual crise e onde estamos no momento

–          O que o Mercado de bonds estao dizendo

–          Ouro esta indo em direcao a 5000?

Caso tenha alguma sugestão ou duvida deixe um comentário.

Os fundamentos são importantes?

Voce que ja leu um pouco do blog deve ter percebido que minha estrategia de operacao é baseada em sistemas de trading. Estes sistemas de trading me dao sinais de quando devo entrar e sair do mercado e são baseados puramente em analise técnica, ou em outras palavras: Price action e volume.

Mas porque eu sendo um cara educado em financas na FGV que aprendeu na faculdade sobre valuation e analise de balanco acabou virando um cara tecnico? A resposta é simples: Da menos trabalho ser tecnico do que ser fundamentalista. Eu não sou contra a teoria fundamentalista, simplesmente não sou adepto quando o assunto é tomar decisões de compra e vendas de ativos.

O investidor mais bem sucedido do mundo, Warren Buffet, é um cara fundamentalista. Eu li a biografia dele, Snow Ball, ou pelo menos parte, pois não terminei apesar de recomendar. Em sua biografia ele mostra o quantidade de trabalho necessario para ser um bom investidor fundamentalista.

A conclusão que cheguei é que toda a informação necessária para operar estava no preço, apesar de achar que toda a informação também esta no fundamento também. Mas o preço eu so preciso olhar para uma informação já fundamentos a fonte de informação é basicamente infinita. Dai quando falo que é mais facil. Nao diria mais facil, mais eficiente.

Enfim, o intuito deste post nao é discutir o porque que sou um cara tecnico quando o assunto é trading, mas discutir aqui o que acho importante com relação a fundamentos.

Com um cara que sempre gostou de entender o mundo e como as coisas são as minhas materias prediletas na escola eram Geografia e Historia. Era o tipo da prova que tirava 10 sem fazer muito esforco, pois gostava do que fazia. E é por isso que acabei indo estudar administração. Então, um cara que acha que para endender o mundo é importante saber a história, a economia, os costumes, logo, os fundamentos são importantissimos.  Entretanto, nao digo fundamentos no sentido micro como olhar o balanço da empresa, os dividendos ou o price earnings, mas sim os fundamentos macroeconomicos.

Isso me ajuda a ter uma idéia dos principais possiveis cenários pra onde a coisa esta indo. Longe de mim querer fazer previsões economicas certeiras. Nunca esta foi minha intenção, mesmo porque: Qualquer coisa pode acontecer. Nunca tenha como garantido o que vai acontecer no futuro, pois a unica certeza é que no futuro estaremos todos mortos e pagaremos imposto o resto é incerto.

É com este intuito que queria lancar uma sessão aqui no blog chamada The Big Picture. Onde vou compartilhar as minhas crencas sobre quais que sao os possiveis cenarios no contexto global. Não é pra acertar, mas estar preparado se um cenário ou outro acontecer.

Vou focar mais na Australia e Brasil que conheco mais e tenho mais acesso a informação, mas logico vou comentar EUA, Europa, China e Asia tambem que acaba impactando o Brasil e Australia. A idéia não é se perder nos detalhes, mas sempre olhar a floresta e não as arvores. Quero discutir e manter voce atualizado sobre as principais questões como a debate inflation/deflation, climate change, regulamentação de mercado financeiro, mercado de cambio, ouro, GFC, recessão, recovery e coisas do genero.

Este só foi um post introdutório. Aguarde mais. Voce pode buscar o que ja falei sobre algum de minhas visões macro em outro blog que escrevo em parceria com um amigo: Talking Point.

Pesquisa e novas descobertas

Em 2008 ja estabilizado na Australia, emprego e visto e tudo tranquilo. Nesta epoca o mercado de trabalho estava muito aquecido e tinha acabado de mudar de emprego. Estava ganhando relativamente bem e juntando dinheiro para comprar uma casa ou pelo menos dar a entrada e levanter uma hipoteca, digamos, grande.

O que me lembro desta epoca, nao muito tempo atras, ‘e que neste novo emprego, que comecei em Julho de 2008 tinha um grafico do AUD/USD na intranet. O meu trabalho era de analista financeiro e planejamento de compras e como importavamos 80% das mercadorias, cambio era muito importante. Todo dia eu chegava no escritorio e percebia que o grafico que vinha subindo nos ultimos 3 anos, ate entao, comecou uma queda brusca.

Quando mudei pra Australia em marco de 2006 o cambio AUD/USD estava em torno de 75c e em Julho de 2008 estava em 98c e em todo este periodo foi uma subida quase que constante e devagar para cima.

Enfim, estou contando isso para dizer que esses eventos foram as faiscas que fez resurgir meu interesse pelo Mercado, mas comecou mais ou menos na interacao com este grafico.

Lembro que algumas fichas comecaram a cair e os neoronios a fazer conexoes. Basicamente eu pensei que deve existir algum jeito de lucrar com estes movimentos de preco que sobem e descem durante longos ou curtos periodos de tempo.

Nesta mesma epoca o noticiario de Wall Street nao era muito poromissor. Bear Sterns tinha quebrado no primeiro semester e havia rumores de uma crise no Mercado imobiliario nos EUA desde 2007. Outro boato eh que com o fim das Olimpiadas em Pequim a China tambem ia dar uma desacelerada.

Ja se falava em recessao nos EUA em 2008/2009. Em agosto o preco do AUD que estava sempre firme em direcao a paridade ao USD comecou a cair mais rapido que o normal. Eu vi o negocio indo de 98c pra 88c muito rapido. Quando chegou setembro as coisas comecaram a piorar em Wall Street. Fannie Mae e Frad Mac com problemas e a bolsa bem tensa e o cambio, caindo e caindo. O Mercado de bonds pirando. Finalmente chegou a hora da verdade em que deixaram o Lehman Brothers  quebrar. Foi um Deus nos acuda. A bolsa comecou a despencar e o AUD foi pra uns 60c.

Pra mim que estava 100% em cash todo o movimento e o panico no Mercado foi “boa noticia”. O dinheiro que “deixei” de fazer por nao estar na bolsa de 2006 a 2008 devido a ter outras prioridade, como adaptar em um novo pais e comecar um novo pe de meia, passou a ser inexistente. Os precos das acoes no final de 2008 estavam em niveis de 2006, em alguns casos mais baratos que os precos de 2003 que foi quando o bull market comecou liderado pelas empresas de mineracao.

Oh Boy! Era hora de intensificar minha pesquisa. Nao podia ficar fora quando o negocio comecar a subir novamente. Como era um cego em terra de pessoas com 3 olhos eu comeci a pesquisar de varias fontes. Comecei a ler o Financial Review (a Gazeta Mercantil da Australia) todo final de semana. Comprava a Smart Investor magazine e fui na minha biblioteca local pesquisar alguns livros sobre o Mercado.

Peguei 2 livros emprestado:

Vou fazer uma sessao aqui no Blog sobre minha biblioteca com minha revisao de livros e qual minha recomendacao de leitura em ordem de prioridade e preferencia.

Estes livros, citados acima, nao sao a base do meu trading hoje, muito embora, eles falaram muito comigo na epoca. Acho que uma coisa foi levando a outra. Foi um processo que comecou dentro da minha mente onde muitas crencas sobre o mercado comecou a ser desafiada e minha perspective sobre o Mercado comecou a mudar. E mudar pra melhor.

Lendo estes dois livros eu pela primeira vez tinha um plano e um objetivo de investimento. Coisas do tipo que acao comprar, quando, quanto, stop loss, etc. Que vou entrar em detalhes mais pra frente o que é um trading plan.

Nessa mesma epoca abri minha conta numa corretora e comecei a acompanhar o Mercado quase que diariamente. Em um dos livros tive meu primeiro contato com conhecimentos basicos de analise grafica que pra mim até entao era uma heresia. Como assim um cara com fortes conhecimentos de financas e valuation vai tradar olhando pra gráfico, mas por incrivel que pareca a estrategia do livro “How to Beat….” dizia que olhar o gráfico era imporante.

Percebi então que o Mercado ainda persistia em uma tendencia de baixa, olhando o candlestick, ate o final de 2008 e fazendo novos baixos (new lows). Veio 2009 e os precos comecaram a cair em Janeiro, mas parece que Fevereiro ja nao caiam com  tanta intensidade. Parecia que estava chegando no fundo do poco e meio de lado.