Europa e Australia

Como o proximo artigo no meu business plan sobre a Australia era pequeno e ja escrevi bastante sobre no Blog vou postar tambem neste mesmo post a minha opinião sobre a crise na Europa que está em voga. Ainda mais agora com a Eurocopa 2012.

Quebra do Mercado Imobiliário na Australia

A quebra do mercado imobiliário na Austrália não é suficiente para se auto implodir, pois a Australia conseguiu inflar o mercado e mante-lo inflado devido. Isto porque consegue manter os juros relativamente baixos a ponto da população conseguir bancar os juros relativos a renda media. O que chamamos de affordability, que nada mais é do que quanto a população que tem divida paga em media em juros de hipoteca relativo a renda média. Assim, como o nivel de desemprego é bem baixo o castelo de cartas fica bem sustentável.

O que realmente pode engatilhar um espiral e fazer o castelo de cartas cair são duas coisas:

 Os juros subir muito

– O Desemprego aumentar a niveis preocupantes (e.g. + 7%)

Entretanto, acho dificil os dois ocorrerem ao mesmo tempo, pois na Australia os juros de hipoteca em sua maioria sao variavei tornando o sistema auto regulavel na eventualidade de uma crise. Alem disto a  Australia exporta commodities e uma das causas do aumento nos juros é commodities estarem em demanda. Assim, os juros altos são compensado por um AUD forte e baixo nivel de desemprego. Isto já foi provado e não causou quebra no mercado imobiliário na crise de 2008 e no pre-crise quando sos juros chegaram em 9% ao ano.

O que realmente pode acontecer, e mais me preocupa,  é que uma nova crise e uma quebradeira na China que pode aumentar o desemprego e despencar o AUD fazendo com que os desempregados comecem a dar default nas mortgages e os bancos terem uma crise e tudo virar um ciclo vicioso fazendo a casa literalmente despencar. Sem perder muito tempo com a questão fragil australiana, a coisa mais importante para a Australia é a saude e a sustentabilidade do mercado Chines. Enquanto a China tiver apetite pelas commodities industriais australianas nao vejo risco de colapso no mercado imobiliário.

A Crise na Europa

A crise na Europa é algo que comecou a se acentuar e se mostrar evidente no primeiro semestre de 2010 com os protestos na Grecia e ate pode ter sido o gatilho para o flash crash em 5 de Maio do mesmo ano. Dow Jones caiu 1000 pontos em um dia.

A questao toda começa com o problema de uma unica moeda em economias com dinamicas de custo salariais, infra-estrutura diferente e produtividade. Enfim, competitividades incompativeis. Em suma o projeto do Euro só veio a beneficiar os mais fortes e colocar pressão nos mais fracos. Neste ponto o grande ganhador do Euro é a Alemanha colocando ela em uma situação privilegiada em relação aos outros membros. Em outras palavras o projeto do Euro é uma forma da Alemanha dominar a europa sem disparar um tiro.

Antes de entrar na questão de como a Europa se meteu na situação atual é importante entender o papel do cambio no equilibrio das disparidades de competitividade salarial e de custos e mercadorias no mercado de importação e exportação.

O cambio define a quantidade de moeda necessária pra trocar uma moeda pela outra e em um regime de cambio livre e flutuante o que define esta relação é a demanda e a oferta em uma moeda em relação a outra de acordo com o fluxo de troca que pode ser gerado por varios motivos, principalmente o comercio entre os paises, nao a especulação como muitos pensam :-). Este mesmo cambio que definirá os precos relativos entre um pais e outro e neste processo o cambio regula disparidades salariais e desequilibrios em balanca comercial, logico, se todos os paises envolvidos adotarem um regime de cambio flutuante livre.

Apenas um exemplo pra fixar a idea. Para produzir um carro na Europa de qualidade X custa por exemplo EUR 10K e vamos supor que o cambio com os USD é 1.5, assim este carro custa nos EUA USD15K, mas o mesmo carro para ser produzido nos EUA devido ao custo relativo de mao de obra e materia prima é de USD 16K. Neste caso o fluxo de comercio vai da Europa para os EUA fazendo com que exista uma maior demanda por euro do que USD. O cambio entao vai para 1.8 e o carro na Europa passa a custar agora USD18K nao sendo mais interessante importar da Europa.

Neste exemplo da pra ver o papel do cambio como um meio de rebalancar disparidades salariais forcando paises  ou melhorar a produtividade ou achar que o mercado de cambio ache outro ponto de equilibrio para que o fluxo de capital e comercio mude forcar pontos de equilibrios, assim,  nao permitindo que um nacao tenha superavit na perpetuidade e outras deficit na perpetuidade.

O problema do cambio unico ou moeda unica na Europa é que acaba causando problemas estruturais. Vamos pegar a Grecia por exemplo que a economia representa cerca de menos de 2% da Comunidade Europeia. A economia com a moeda dracma que era bem barata em relacao a “fortes” moedas como a o Marco e Franco atraia muitos turistas o que girava bem a economia. Num regime cambial unico o que ocorreu é que da noite para o dia tudo ficou caro na Grecia em Euros diminuindo o fluxo de turistas. Para agravar a situacao a Grecia emprestou dinheiro da europa toda e emitiu bond soberanos em Euros para que investimentos fossem feitos em infra estrutura para que a disparidade entre os paises diminuisse entao o governo passou a pagar mais em juros, porque apesar dos juros serem emitidos em Euros, os mesmos usados na Alemanha, tem um spread acima dos titulos Alemaes, isto porque a percepcao de risco que os Gregos nao vao pagar a divida é maior que a Alemanha. Isto nao tinha muito problema antes de estourar a divida de 2008, pois o spread era bem baixo. Coisa de 2 a 3% a mais que a Alemanha e na epoca dinheiro era facil e a Grecia consiguia gerar altos deficits e os juros nao eram tao pesados.

Acontece que quando veio a crise e a liquidez secou o risco na europa na periferia aumentou muito. O primeiro país a isto ficar mais alarmante era a Grecia que vinha gerando um deficit muito alto que chegou a quase 20% do PIB. Nao deu outra… revolta no mercado de bonds e os spreads na Grecia e outros paises como Portugal, Espanha, Irlanda e ATE a Italia comecou a serem “atacados”pelos bond vigilantes. Estes paises ficaram famosos pelo sigla PIIGS (ou porcos).

Podemos chamar a crise europeia como uma crise soberana. Em suma o problema mais uma vez é divida DEMAIS e nao existe quantidade necessária de capital para resolver o problema e o cambio (Euro) so ajudou a a situação agravar.

A Alemanha e paises mais ricos quando a crise estourou em 2010 tentaram conter a situação enquanto que estava so na Grecia. Isto poeque fica barato conter, sento que a economia da Grecia é apenas 2% da Europa. Entretanto isto acaba sendo um paliativo, pois o bail out de curto prazo não resolve o problema estrutural de longo prazo que é gastar absurdamente mais do que se arrecada e se a Grecia for adotar as medidas necessárias para balancar as contas e ter que cortar gastos o resultado é caos e protestos na ruas, coisa que politico quer evitar ao máximo.

E enquanto que a situação na Grecia vai sendo epurrada com a barriga o que ocorre é o contagio para outros paises da periferia como Irlanda e Portugal e mais recentemente a coisa ate ficou feio pra Italia mandando os juros na Italia que eram de 4% pra mais de 7%, coisa inimaginavel a nao muito tempo atras. E um pais que tem uma divida publica absurdamente grande já em mais de 100% do PIB isso não é nada agradavel para as financas publicas. Enfim, a situacao é feia e já se fala em paises sairem do Euro, como a Grecia, ou paises sairem da comunidade europeia como a Inglaterra ou ate paises grandes sairem do Euro como a Alemanha ou ate uma terceira saida que é o CAOS total e a total revolta contra todas as moedas FIAT e o preço do ouro sendo mandando para o espaço.

Esta é a situação na Europa que atualmente é a bola da vez e isto pode ser ruim para o ja precario EUA e a fragilidade que a China e o Japao se encontram.

O resumo então é que todo este processo de divida demais que hoje causa deflação e isto indica ainda mais que unica saida politica é a  inflacao para evitar o colapso do sistema.